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sábado, 19 de janeiro de 2013

Prelúdio para o início

Que pena seria, correto?

Se o escritor, tão ardiloso com suas mãos, fosse estrangulado.

Que pena seria, correto?

O seu corpo cair no chão, sem barulho, e sem emoção. Olhos abertos indignados, morto por um personagem que ele tinha criado.

Que pena seria, correto?

Se ele tivesse terminado a canção. Nela o ladrão iria aprender a lição. Pelos braços da lei, viveria condenado ao exílio da vida, como que por um rei.

Que pena eu receberia, pergunto?

Pena por existir? Não existe essa beldade. Que pena seria se o escritor, um dia, olhasse para o teclado e, em vez de um final feliz, me visse no reflexo de seus olhos.

Que pena, correto?

O escritor do musical, ingênuo como uma formiga que abocanha o bolo de laranja em pleno jantar de natal, achar que de todos os lugares de onde o assassino se esconderia,

nunca estaria aonde ele está.


Olhos de vidro ao altar. Suicídio é muito vulgar.



Por fim, que pena seria, correto?

Se no último lamento, o escritor decidisse deixar de existir para, enfim, matar seu personagem.

Com suas próprias máquinas de realidade biológicas.

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