O fotógrafo olhava sua maior criação, a foto da mulher perfeita.
Ela não deveria ser tão fantástica, talvez nem perto disso. Porém, todos os seus poros inspiravam sua beleza estonteante.
Sempre parada no parque municipal, fazendo palavras cruzadas, ensaboada em sol, vestida de pano e com olhos de girassol.
Na vida de um fotografo, um clique e uma posição errada, significam uma má foto. Mas ela não conseguia ter um mal ângulo. Um fotógrafo tirando uma foto dela só poderia significar que Van Gogh estaria desenhando "Vaso de Cobre" novamente.
Um dia, perdendo a vergonha, resolveu perguntar se ela aceitaria tirar uma foto.
Ela riu com a idéia, mas recusou gentilmente.
Pelos próximos dias, o fotógrafo quis se mostrar mais presente, tirando foto das pessoas aleatórias no parque ou dos animais que por alí viviam em paz.
E ela apenas ignorava sua existência.
Vez por vez, centenas por centenas, o fotógrafo se desiludia.
Um dia, indo para a sua casa, desligou todas as luzes.
Desligou todas as luzes.
Foi morar dentro de sua câmera.
Nenhum comentário:
Postar um comentário